CONSTRUÇÃO DO INFORME PARALELO DA SOCIEDADE CIVIL
Monitoramento da Implementação do PIDESC pelo Brasil
1. APRESENTAÇÃO E RETOMADA DO PROCESSO
As organizações da sociedade civil brasileira que
atuam no campo dos direitos humanos, especialmente dos Direitos Humanos
Econômicos, Sociais e Culturais (DhESC), tem promovido ações permanentes de
monitoramento do cumprimento dos compromissos do Estado/governo brasileiro em
matéria de direitos humanos.
Neste espírito,
a sociedade civil brasileira se mobilizou, em 1999/2000, para a construção do
Informe da Sociedade Civil sobre o cumprimento do Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) através da realização de 17
audiências públicas das quais participaram muitas organizações em vários
Estados do País. O informe foi apresentado pelas organizações que coordenaram o
processo, o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), a Comissão de
Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e a Procuradoria Federal dos Direitos
do Cidadão do Ministério Público Federal ao Comitê DESC/ONU em 2000 e saudado
como iniciativa inédita, já que, pela primeira vez, a sociedade civil se
antecipou ao governo na apresentação do informe, visto que o governo brasileiro
estava atrasado na apresentação e somente veio a fazê-la em agosto de 2001.
Com a
apresentação do Informe Oficial, a Plataforma Brasileira DhESC, rede de
articulação de organizações da sociedade civil que atuam em DhESC, coordenou a
apresentação do Contra Informe. Sua construção incorporou o acumulado do
Informe da sociedade civil (1999/2000), o relatório produzido pelo Projeto
Relatores Nacionais em DhESC e contribuições de organizações diversas e foi
apresentado oficialmente ao Comitê DESC/ONU em maio de 2003.
O Comitê
DESC/ONU analisou o Informe Oficial e contou com apresentações de
representantes de organizações da sociedade civil brasileira que procuraram
incidir para que o Comitê chegasse a conclusões que pudessem ajudar o Brasil a
avançar na implementação do PIDESC. No final de maio de 2003 o Comitê DESC/ONU
divulgou suas Observações Conclusivas sobre o cumprimento do PIDESC pelo
Brasil, analisando a situação e emitindo recomendações. O documento foi
traduzido e divulgado por diversos meios pela sociedade civil a fim de
subsidiar o monitoramento de seu cumprimento. Entre as recomendações, o Comitê
pede ao governo brasileiro que apresente até junho de 2006 o segundo informe
sobre o cumprimento do PIDESC.
A construção do Segundo Contra Informe da
Sociedade Civil sobre o cumprimento do PIDESC pelo Estado brasileiro, embora
tenha acolhido o acúmulo produzido pela experiência dos processos anteriores
(do Informe da Sociedade Civil, do Primeiro Contra Informe e do Primeiro
Relatório Periódico), e outras iniciativas de cada rede ou organização de luta
pelos direitos humanos no Brasil (Ex. Projeto Relatores Nacionais), foi um
marco importante nos processo de monitoramento em DH no Brasil. Além de
oportunizar a continuidade da realização da ação de monitoramento dos DH,
viabilizou um processo de articulação e de comunicação mais amplos, com
coordenação feita por representantes de redes de atuação em direitos humanos no
Brasil: o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), a Plataforma
Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais
(DhESCA Brasil), o Processo de Articulação e Diálogo entre Agências Ecumênicas
Europeias e Contrapartes Brasileiras (PAD) e os Parceiros de Misereor no Brasil.
Neste novo
momento, o Segundo Contra Informe, foi construído entre 2005 e 2007, contando
com a realização de seminários e oficinas nacionais de parceiros e organizações
da base das REDES que coordenam o processo, bem como com a realização de 26
audiências estaduais. Durante este período houve boa interlocução política com
o governo brasileiro, que veio a apresentar o Informe Oficial no final de 2006.
O documento final do Segundo Contra Informe ficou pronto em maio de 2007, e foi
apresentado ao Comitê DESC ONU no início de 2008. Em maio de 2009, após o
Brasil (governo e sociedade civil) apresentar e argüir sobre os relatórios, o
Comitê DESC ONU, emitiu as novas recomendações ao Estado Brasileiro.
A fim de dar
continuidade ao processo de monitoramento sobre o cumprimento do PIDESC pelo
Estado Brasileiro neste período, o Movimento Nacional de Direitos Humanos
(MNDH), o Processo de Articulação e Diálogo entre Agências Ecumênicas Européias
e suas contrapartes brasileiras (PAD Brasil) e Parceiros de Misereor no Brasil,
juntamente com as organizações da base e Redes parceiras avançam na construção
do Terceiro Informe, a diferença do processo anterior é que este será um Informe Paralelo, ou seja, um informe
independente e sem comentários ao Informe Oficial – o que não exclui a
possibilidade de, posteriormente, se assim vier a ser compreendido, vir a
elaborar comentários pontuais ao Informe Oficial. Além desse objetivo, as
organizações também pretendem pressionar o governo brasileiro a cumprir a
recomendação do Comitê e apresentar o Informe Oficial no prazo solicitado, que
é junho de 2014.
A construção
do Informe Paralelo conta com vários momentos, programados a fim de garantir o
máximo de participação e envolvimento das organizações da sociedade civil no
processo. É neste contexto que se localiza a proposta de realização de
Audiências Públicas nos 26 Estados e o Distrito Federal para o que este Termo
de Referência pretende servir de orientação.
2. LINHAS
GERAIS DO INFORME PARALELO
O Informe
Paralelo (a sociedade civil prepara seu informe independente e sem
comentários ao Informe Oficial) pretende ser um posicionamento da sociedade
civil brasileira sobre a implementação do PIDESC no Brasil no período de 2009 a
2014. Para a construção do Termo de Referência que orienta a elaboração do
Informe Paralelo foi realizada uma Oficina (Brasília, 12 e 13/02/2014) com
participação das REDES que coordenam o projeto e mais um grupo de 10
organizações e redes parceiras, com atuação em diferentes temas e níveis
geopolíticos distintos. Desta agenda e das discussões que a coordenação vem
fazendo ao longo do processo foram produzidas as seguintes linhas gerais:
2.1. Produção de um Informe Paralelo que, depois
de conhecido o Informe Oficial, poderá vir a ser transformado em Contra Informe
(o projeto vai propor ao governo que realize uma atividade presencial para que
seja feita a discussão do documento oficial)
2.2. O objeto central do Informe Paralelo é
mostrar a leitura da sociedade civil sobre o modo como o Estado brasileiro vem
realizando os DH, em especial os DhESC.
O monitoramento se concentrará nas medidas legislativas, administrativas
e de ações políticas que aparecem em: a) políticas públicas (gerais,
específicas, universais) com programas, projetos e ações com a devida previsão
de finalidade, abrangência, sistemática de monitoramento e avaliação e,
sobretudo, previsão e execução orçamentária (no âmbito do poder executivo); e
b) marco legal e jurisprudência (no âmbito legislativo e judiciário) em vista
da exigibilidade e justiciabilidade dos DH e dos DhESC. A intenção é
identificar Limites, Retrocessos, Avanços, Possibilidades e Desafios que o
Brasil enfrenta (individualmente e/ou com apoio da cooperação internacional)
para implementar o PIDESC.
2.3. O
Informe terá um caráter mobilizador, a fim de gerar incidência política no
âmbito dos diferentes espaços e níveis de diálogo e interlocução
(Internacional, Nacional e Estadual).
2.4. O Informe
procurará trabalhar questões gerais e estruturantes que são geradoras de
violações de direitos humanos e, ao mesmo tempo, impeditivas para que o Estado
brasileiro avance na realização dos direitos humanos, em especial dos DhESC.
2.5 O Informe
trabalhará temas e direitos específicos tidos como “dramáticos” na realidade
brasileira, que incidem diretamente no cotidiano da vida de populações ou
grupos específicos, particularmente aqueles que são as maiores vítimas da não
realização e/ou da violação dos direitos humanos, em especial dos DhESC.
2.6. O Informe levará em conta a Preocupação/
Recomendação que o Comitê DESC/ONU expressou nas Observações Conclusivas de
2009, dando atenção prioritária às recomendações nas quais o Estado brasileiro
não avançou ou retrocedeu após sua emissão. Isto porque, o Comitê, a quem se
dirige prioritariamente o documento, está interessado em identificar as
mudanças a partir da incidência de monitoramento já feito pelo Comitê e
expressas em suas Observações Conclusivas.
2.7. O texto do Informe Paralelo será analítico,
contando com elementos descritivos (estatísticos e de casos) como subsídio ilustrativo.
Conjugará leitura estrutural com leitura situacional guiada pelas questões
estruturantes, pelos temas e direitos definidos como ‘dramáticos’ da realidade
brasileira, atenção aos sujeitos de direitos, vítimas da não realização e/ou da
violação e das Recomendações do Comitê DESC/ONU (2009). Será um Informe
posicionado com sugestões de Recomendações (gerais e também específicas) ao
Comitê (a fim de que possivelmente as adote como recomendações ao governo
brasileiro). Em termos técnicos deverá ser um texto capaz de preservar a
objetividade e a densidade sem ser muito extenso.
2.8. O texto do Informe será organizado em três
partes:
Parte I: Aspectos gerais e estruturais
geradores de violações e que se constituem em impeditivos à realização
universal, interdependente e indivisível dos direitos humanos na sociedade
brasileira. A definição destes aspectos
levará em conta sugestões/indicações feitas pela coordenação do projeto e
também o resultado acumulado na consulta nos Estados.
Parte II: Aspectos “dramáticos/urgentes”
da realidade brasileira (temas, direitos e sujeitos ligados à populações ou
grupos específicos que precisam ação urgente do Estado brasileiro). Estas
questões serão definidas a partir do resultado acumulado na consulta realizada
nos estados.
Parte III: Direitos do PIDESC – com
destaque às recomendações às quais o Estado brasileiro não avançou ou recuou na
implementação (orientados pela matriz de consulta e pelos resultados da
consulta nos Estados).
OBSERVAÇÃO: Sugere-se, que no âmbito das três partes do
Informe, contemple-se os seguintes aspectos: 1. Legislação e Jurisprudência:
Apresentação e breve análise das principais legislações (Emenda
Constitucional, Lei e Decretos – em alguns casos também Portarias) e
jurisprudência (decisões de tribunais superiores) que têm relação com o direito;
2. Políticas Públicas: Análise de questões centrais das
principais políticas (programas, ações, planos, incluindo medidas e execução
orçamentária) afetas ao direito; 3. Iniciativas da Sociedade
Civil: Resumo de ações feitas em rede e de âmbito nacional – ou
regionais/estaduais de impacto nacional – dentro do tema do direito e
envolvendo organizações referenciais – neste ponto também entram os casos,
trabalhados como iniciativas da sociedade civil que denuncia a violação dos
direitos; 4. Sugestões de Recomendações: Lista de sugestões para o
Comitê recomendar ao Estado.
2.9. Será produzida uma grade de consulta padrão
para as audiências/oficinas, disposta em acordo com a estrutura proposta para o
texto com o objetivo de colher informações, dados, denúncias no âmbito dos
estados e sistematizar o Informe o mais próximo possível da situação
apresentada pelas organizações nos Estados. Sugere-se utilizar como subsídio
base para o trabalho de coleta de informações e dados nos estados, as
Recomendações do Comitê DESC ONU (2009) e os textos gerais do III Relatório
Periódico (2012). Estes documentos serão disponibilizados aos Estados pela
secretaria do projeto monitoramento em DH.
OBSERVAÇÃO: No momento em que o País entrar na pauta do
Comitê, a Secretaria Geral do Comitê DESC/ONU analisa os documentos e elabora
uma lista de questões dirigidas ao governo do País caso lhe interesse
esclarecer pontos sobre o Informe ou deseje solicitar informações adicionais.
Estas questões indicam o interesse principal do Comitê em relação aquele País.
Cabe ao governo respondê-las. Mas, a sociedade civil não está impedida de
também produzir respostas, oferecendo subsídios adicionais e de interesse ao
Comitê. Entende-se que, neste momento também será fundamental a contribuição do
Projeto, dado que estas, em tese, são as questões “de interesse” do Comitê.
3. O
PROCESSO DO INFORME PARALELO
O processo
de construção do Informe Paralelo contará com os seguintes momentos
metodológicos, cada um com dinâmica própria, porém dependente e relacionado aos
demais[1]:
3.1.
Produção da Metodologia
Tendo-se presente que o projeto já tem um processo acumulado desde a
construção do Informe da Sociedade Civil (1999/2000); do Primeiro Contra Informe
(2002/2003); do Segundo Contra Informe (2007); além dos Relatórios Periódicos
(2003/2007/2012), a construção da metodologia, definição dos termos de
referência e avaliação do processo, previu-se a realização de duas oficinas
nacionais com representantes ligados às Redes que coordenam o projeto e outras
Redes e organizações parceiras. Uma primeira já realizada para definir os
termos de referência do processo (fevereiro de 2014) e outra para avaliar o
processo (segundo semestre de 2015). Deste momento espera-se: a) Termos de
referência do processo definidos; e, b) Avaliação do processo e redefinição de
estratégias para continuidade da agenda e do projeto.
3.2. Difusão
das Recomendações do Comitê DESC/ONU (2009)
As recomendações do Comitê DESC/ONU já foram divulgadas logo após sua
emissão em 2009, contando, inclusive, com a tradução das mesmas para o
português, pela Secretaria de Direitos Humanos de Presidência. Agora, durante a
realização das audiências/oficinas nos Estados, as Recomendações serão
retomadas mediante o instrumento de consulta que será utilizado. Deste momento
espera-se: a) Amplo conhecimento e utilização das Recomendações no processo de
construção do Informe Paralelo.
3.3.
Instrumento de consulta para o Informe Paralelo
Um instrumento de consulta com três partes orientadas pelo que compõe a
estrutura do texto do Informe Paralelo, conforme já detalhado no item 2.8 deste
documento, com questões e solicitações de informações, será encaminhado às
audiências Estaduais. Com este instrumento se espera: a) Orientar os debates no
âmbito das audiências/consultas nos estados, a fim de construir um documento
identificado com a leitura feita pelas organizações na base, e, ao mesmo tempo,
facilitar o processo de sistematização final do Informe
3.4.
Audiências Públicas / Oficinas de Consulta
Que consiste
na realização de Audiências Públicas / Oficinas de consulta com organizações da
Sociedade Civil, locais e nacionais, contando também com a participação de
órgãos institucionais (MP; Comissões de Direitos Humanos; Assembléias
Legislativas; Universidades; etc.) em todos os Estados brasileiros e DF (27 ao
todo). Espera-se que as oficinas: a) Mobilizem as organizações e parceiros no
âmbito dos Estados, colham informações e dados sobre a situação dos direitos
humanos, em especial dos DhESC, para a construção do Informe Paralelo do
PIDESC; b),Tenham capacidade de gerar visibilidade e incidência política no
âmbito das instituições e da sociedade, no âmbito dos Estados e em nível
nacional. Previsão de realização de abril de 2014 a maio de 2015.
3.5.
Sistematização do Documento Final
Que consiste
na elaboração do Texto Final do Informe
Paralelo (que pode vir a ser Contra Informe, conforme já manifestado acima) a
partir do resultado da consulta feita nos Estados e da contribuição direta de
organizações e redes parceiras, com checagem de dados e informações junto a
sites, bancos de dados e bibliografias, podendo ser cruzado também com o
Informe Oficial. O documento será sistematizado por uma equipe de
sistematização composta pela secretaria do projeto, coordenação do projeto e
especialistas convidados. Dele se espera: a) Texto do Informe
respondendo ao objetivo de subsidiar o Comitê DESC/ONU; b) Contemplar
diversidade temática e de organizações; c) Indicação de sugestões de recomendações
ao Comitê a partir das análises. Previsto para o período de janeiro a julho de
2015.
3.6.
Aprovação do Texto Final
O documento
será submetido à consulta das organizações participantes no processo via email
para que possam fazer observações e sugestões com relação a questões gerais de
conteúdo contidas no Informe (possibilidade de listar organizações por
afinidade temática para fazer checagens). A equipe de sistematização fecha o
texto final. Do momento se espera: a) Apreciação
do texto e das recomendações depois da sistematização pela equipe responsável;
Previsto para agosto e setembro de 2015 (pode mudar a depender do cronograma do
informe governamental e da agenda no Comitê).
3.7. Edição
e Entrega ao Comitê
Consiste na
finalização do texto, edição e tradução
e envio oficial ao Comitê DESC/ONU. Desse momento se espera: a) Texto do
Informe Paralelo pronto para ser entregue ao Comitê (em português e inglês); b)
Texto depositado junto à secretaria do Comitê. Previsto para outubro e novembro
de 2015 (pode mudar a depender do cronograma do informe governamental e da
agenda no Comitê).
3.8.
Acompanhamento ao Comitê DESC/ONU
Consiste no
processo permanente de contato por
diversos meios junto à Secretaria e membros do Comitê preparando a reunião de
apreciação e, se for o caso respondendo a questões de esclarecimento
solicitadas por ele. Desse momento se espera: a) Incidência sobre as
questões a serem formuladas pelo Comitê ao governo; b) Articulação e Lobby para
que comitê seja centrado em questões de interesse da sociedade civil.
3.9.
Participação na Reunião do Comitê DESC/ONU
Consiste na
formação de Delegação com
representantes da sociedade civil para participar da apresentação e acompanhar
a reunião do Comitê em Genebra e o lançamento simultâneo do Informe no Brasil.
Desse momento se espera: a) Posicionamento do Comitê DESC /ONU próximo à
posição da sociedade civil; b) Recomendações incluindo sugestões da sociedade
civil; c) Sociedade brasileira tomando conhecimento dos debates e posição da
sociedade civil. (Prazo depende da agenda do Comitê)
3.10.
Divulgação das Recomendações do Comitê DESC/ONU
Este momento
consiste na tradução e publicação do
Resumo do Informe Paralelo e das Recomendações do Comitê. Dele se espera: a)
Divulgação ampla das Recomendações do Comitê DESC/ONU; b) Utilização em
processos de monitoramento de política. (Prazo depende da agenda do Comitê).
4. AS
AUDIÊNCIAS PÚBLICAS / OFICINAS DE FORMAÇÃO
As Audiências
Públicas / Oficinas de Formação serão realizadas nas 27 unidades da federação.
Sua organização é de responsabilidade conjunta das redes que coordenam o
projeto monitoramento e sua secretaria executiva, em parceria com as
organizações a elas ligadas em nível estadual, bem como outras organizações e
redes parceiras.
4.1.
Finalidade e Objetivos
As Audiências
Públicas / Oficinas de Formação têm por finalidade promover o debate sobre o
monitoramento e gerar informações sobre o cumprimento dos compromissos
brasileiros com a realização dos DhESC a fim de subsidiar a elaboração do
Informe Paralelo.
São objetivos
gerais:
a) Capacitar representantes de organizações da sociedade civil para o
monitoramento dos compromissos do Estado/governos com a realização dos DhESC no
Brasil;
b) Discutir e acumular subsídios para a construção do Informe Paralelo
a partir de diversos olhares e da incidência dos participantes;
c) Sistematizar propostas de recomendações para avançar no cumprimento
do PIDESC no Brasil.
d) Dar visibilidade à situação dos DhESC e gerar incidência política
no âmbito dos estados.
4.2.
Orientações Metodológicas e Organizacionais
Apresentamos
orientações metodológicas para a organização das Audiências / Oficinas nos
estados (as organizações que coordenarão o processo nos estados poderão adaptar
as sugestões conforme o contexto específico).
a) Orientações Gerais:
- Duração de ao menos um dia (dois turnos), conjugando momento público e de incidência política (com caráter de audiência) e momento da consulta e coleta de informações (com caráter de oficina).
- Sugere-se que a atividade tenha uma participação de 30 a 50 pessoas (máximo), entre representantes da sociedade civil e órgãos públicos e instituições parceiras. A articulação e a mobilização dos participantes, bem como a organização das Audiências / Oficinas, será feita pelas organizações coordenadoras nos estados, com contribuição da secretaria executiva do projeto Importante contemplar o máximo possível de representatividade de temas e segmentos.
- As Audiências / Oficinas deverão produzir um Relatório geral, contendo aspectos gerais do momento inicial, a grade de consulta e seus resultados (a partir do trabalho nos grupos), lista dos participantes da atividade além de sugestões e indicações. Caso haja apresentação de documentos por escrito pelos participantes, anexar ao relatório. Também sugere-se anotar referências de contato para o caso de experiências ou situações de violação relatadas no momento da Audiência. O relatório deverá ser enviado à Secretaria Geral (endereço abaixo), com máximo de brevidade possível depois da realização da atividade. Solicita-se que os organizadores estaduais definam previamente responsáveis para a confecção final do relatório.
- A secretaria executiva do projeto disponibilizará com antecedência à Audiência / Oficina nos estados o material a ser utilizado como base (textos gerais do Relatório Periódico III - que tratam dos temas de Direitos Humanos, Democracia e Desenvolvimento; grade de consulta por temas e direitos). Este material deverá ser enviado aos participantes com antecedência à oficina para que possa ser apreciado pelos mesmos.
- O projeto disponibilizará até R$ 3.000,00 reais para a realização das atividades em cada Estado. Uma organização deverá ficar responsável por receber os recursos e prestar contas dos gastos efetivados para a realização da atividade, conforme as exigências da prestação de contas (que serão repassadas no ato da transferência)
- As organizações da coordenação estadual deverão enviar proposta de data, com pelo menos 15 dias de antecedência à secretaria executiva do projeto, indicando a organização que poderá receber os recursos (com dados institucionais e bancários), para que a secretaria possa encaminhar o repasse dos recursos.
- Todos os esclarecimentos ou informações adicionais deverão ser buscados junto à Secretaria Executiva do Projeto, cujo endereço está indicado abaixo.
b) Orientações à Audiência/Oficina (proposta que
pode ser adequada em cada contexto):
Primeiro Momento:
a)
Abertura e apresentação dos objetivos, além de
acolhida e apresentação dos participantes (com dinâmicas de integração). Tempo
de 30 minutos.
b)
Exposição sobre monitoramento dos DhESC e linhas
gerais do trabalho e dinâmica a ser realizado durante o dia, bem como uma
retomada do processo anterior quando isto for possível. Para este momento há
disponibilidade de deslocamento de pessoas da coordenação nacional e do
secretário executivo do projeto, mediante agendamento da atividade nos
estados. Sugere-se para este momento um
tempo de pelo menos uma hora.
Segundo Momento:
a)
Organizar uma mesa de debate com representantes
de órgãos públicos, instituições parceiras e sociedade civil, para exposição
sobre situação geral dos direitos humanos no cenário estadual.
b)
Abrir momento para algumas intervenções e
posicionamentos do plenário (com possíveis denúncias de violações e encaminhamentos
junto aos órgãos públicos e institucionais presentes).
Terceiro Momento [só sociedade civil e parceiros próximos]:
a)
Trabalho em Grupos (orientado conforme grade de
consulta, organizada conforme as três partes que compõe o Informe Paralelo, com
questões a serem tratadas em cada parte). A grade de consulta será fornecida
pela secretaria do projeto. Para este momento sugere-se um tempo de pelo menos
2 horas.
b)
Plenária Final: Na qual os grupos apresentarão
sínteses do trabalho desenvolvido. Caso sejam levantadas questões polêmicas a
coordenação abrirá debate com os participantes sobre estes pontos. Na plenária
final os participantes também poderão apresentar sugestões e propostas a todo o
processo, avaliar a Audiência / Oficina, além de relatar experiências ou casos
de violação (a critério da coordenação estadual e conforme acordado no início
dos trabalhos) – Sugere-se um tempo de pelo menos 1 hora.
OBSERVAÇÃO:
Sugere-se que, caso haja apresentação de denúncias que requeiram algum tipo de
encaminhamento, a coordenação estadual faça o encaminhamento das questões para
os órgãos locais ou nacionais que poderiam dar seguimento, tais como: as
Comissões de Direitos Humanos, para o Ministério Público, para os Conselhos,
para os Relatores Nacionais, informando no relatório final estes
encaminhamentos.
4.3.
Coordenação e Parcerias
A
Coordenação Geral do Projeto será feita de forma conjunta entre Parceiros de
Misereor no Brasil, MNDH e PAD Brasil. As responsabilidades políticas gerais e
o monitoramento da execução das atividades estão a cargo da coordenação do
projeto, que poderá contar também com a participação de organizações e Redes
parceiras em algum momento (ex: Oficinas Nacionais). Para o encaminhamento das atividades
previstas a coordenação se reunirá periodicamente, conforme agenda do projeto.
As
Coordenações Estaduais serão formadas por organizações membro das Redes e
Articulações que compõe a Coordenação Geral do projeto que estarão encarregadas
de dinamizar o processo em nível estadual, de modo especial, mobilizar,
preparar e conduzir as Audiências Públicas / Oficinas, motivando as
organizações de sua área de abrangência a conhecer a dinâmica e a participar do
processo.
As
organizações participantes terão papel central na produção do Informe, uma vez
que o núcleo do Informe será elaborado a partir dos resultados da consulta nas
Audiências Públicas / Oficinas nos estados.
Os
sistematizadores terão papel de construir o texto do Informe (a partir da
consulta nos estados) e, posteriormente, submetê-los à apreciação, colhendo
sugestões e observações finais ao texto, junto às organizações parceiras no
processo. O processo de Sistematização será de responsabilidade da coordenação
do projeto e sua secretaria executiva, contando com a contribuição de especialistas
em Direitos Humanos.
É
fundamental que em cada estado sejam mobilizados parceiros e organizações o
mais diversas possíveis, e que busque-se apoio junto às CDHs das Assembléias
Legislativas, Ministérios Públicos, Conselhos Estaduais de Direitos Humanos.
4.4.
Secretaria Geral do Projeto
Todo o
processo de construção do Informe Paralelo conta com uma secretaria que dará
suporte à Coordenação Geral. Está sediada em Porto Alegre/RS, e tem como
secretário executivo Enéias da Rosa
cujos contatos de email são: eneias_2@hotmail.com e secretaria.dhesc@gmail.com Fones: (51)81410084 ou (51)32761561.
Porto
Alegre, março de 2014.
Coordenação
Nacional
[1]
Extraída do Projeto de Cooperação com Misereor, produzido em Seminário Nacional
realizado em Brasília nos dias 11 e 12 de março de 2004 com presença da
Coordenação da Plataforma DhESC, Parceiros de Miseror no Brasil, MNDh e
representante do PAD (EuroPAD).
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